Modelos matemáticos e estratégias de controle para HPV no Brasil
O vírus HPV, do inglês Human Papiloma Virus, está associado à presença de vários tipos de câncer, especialmente em mulheres. É um vírus capaz de causar lesões de pele ou mucosas, que habitualmente regridem por ação do sistema imunológico [2]. O vírus é muito contagioso, sendo possível a contaminação com uma única exposição. A transmissão do HPV ocorre por contato direto com a pele ou mucosa infectada e a principal forma é pela via sexual. Mas também pode haver transmissão da mãe para o bebê, durante a gravidez e o parto (transmissão vertical). Estima-se que entre 25% e 50% da população feminina e 50% da população masculina mundial esteja infectada pelo HPV[3]. A maioria das infecções pelo HPV é transitória, sendo combatida pelo sistema imune e regredindo entre seis meses a dois anos. Estima-se que apenas 10% das pessoas infectadas irão apresentar alguma manifestação clínica como a lesão precursora do câncer de colo de útero e as verrugas genitais. O período necessário para o aparecimento das primeiras manifestações clínicas é de aproximadamente 2 a 8 meses, mas pode demorar até 20 anos[4]. Já foram descritos mais de 150 tipos diferentes de HPV, sendo que 40 a 50 tipos podem infectar a região ano-genital masculina e feminina, e são divididos em 2 grupos importantes, os de baixo e alto risco oncogênico. O câncer de colo de útero é uma doença grave que pode ameaçar a vida das mulheres. Inicialmente assintomática, a infecção por HPV pode evoluir para uma lesão precursora de câncer e, se não tratadas, essas lesões evoluem em alguns anos, para câncer de colo de útero, cujos sintomas são sangramento vaginal fora do período menstrual, corrimento e dor. Cerca da metade de todas as mulheres diagnosticadas com câncer de colo de útero tem entre 35 e 55 anos de idade e muito provavelmente foram expostas ao HPV na adolescência, em geral, por meio de relações sexuais com um parceiro infectado. Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que todos os anos, no mundo inteiro, 500 mil mulheres são diagnosticadas com a doença. Destas, 270.000, mais da metade, morrem, sendo que 87% das mortes ocorreram em países subdesenvolvidos[5]. No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), estimou-se para 2014, 15.590 casos novos com um risco estimado de 15,33 casos a cada 100 mil mulheres, sendo a região norte do país onde este índide é mais elevado, 27,3 casos para cada 100 mil mulheres. Em 2011, 5.160 mulheres morreram devido ao câncer de colo de útero no Brasil. Este é o segundo tipo de câncer que mais mata mulheres no Brasil ficando atrás apenas do câncer de mama. Mas neste caso, boa parte do número de casos poderiam ser evitados já que as lesões no colo do úteo são facilmente detectáveis com o exame Papanicolau[6-7]. A vacina contra o HPV é uma promissora ferramenta para o combate ao câncer do colo do útero. Em 2014, o Ministério da Saúde implementou no Sistema Único de Saúde (SUS) a vacinação gratuita de meninas de 9 a 13 anos, com a vacina tetravalente, que protege contra 2 dois principais tipos oncogênicos de HPV, ou seja, os vírus 16 e 18. A vacinação, contudo, não exclui as ações de prevenção e de detecção precoce pelo rastreamento, que busca lesões precursoras e câncer em mulheres sem sintomas[11-12]. O modelo matemático que será proposto neste projeto será baseado em equações diferenciais que representem o cenário brasileiro para este enorme problema de saúde pública. Escolheremos a cidade de Salvador para modelar o nosso cenário. A escolha desta cidade se deu pelo fato de ter disponível no site na Liga Baiana contra o câncer dados estatísticos daquela cidade que são de grande importância para a parametrização do modelo que será montado.Apesar do esfoço do Poder Público brasileiro no controle do HPV e consequentemente do câncer de colo de útero, o número de casos deste tipo de câncer tem aumentado nos últimos anos no Brasil. Sendo assim podemos destacar os principais objetivos deste projeto: • Estruturar e adaptar um modelo matemático, conhecido na literatura como SIR (Suscetível, Infectado e Recuperado), que represente um cenário de transmissão e controle do HPV; • Estudar, neste cenário, o grau de suscetibilidade de mulheres com relação ao uso de preservativos; • Estudar a influência do número de parceiros; • Considerar a idade de iniciação na vida sexual; • Estudar a proporção da população feminina imunizada com a vacina contra o HPV para que haja controle da doença; 3 • Estudar a eficiência da vacinação para os vírus do HPV 16 e 18 (estes são os dois maiores causadores de câncer de colo de útero no Brasil. Sendo este o motivo pelo qual a vacina vir sendo aplicada na meninas).
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